Danaid (1885) - Auguste Rodin
Hoje acordei arte
acordei outra vida
me despedi do mergulho nas palavras técnicas
e submergi no mar de letras,
sons e cores
da vida cotidiana
de todos os mortais.
[MJ]
.
E tem que ser bom, leve, divertido
Porque já havemos saber
que rir de nós mesmos
e do que venha do outro
fundamenta existências
Que seja despretenciosamente pretencioso
e pretenciosamente liberto
das amarras do passado
que em regra
estereotipam conceitos
Que encante
que me coma
que eu coma
um comer-se mútuo
- de cabeças.
Que seja tranquilo
- na tranquilidade inquietante
que somente impacienta
por conta das horas que faltam
para de novo e outra vez
e mais outra
repetir - a presença
E quando doer
que seja pela exaustão dos corpos
porque nesta mutualidade
faz-se o corpo ávido
sem limites
tudo permite
estira músculos
rompe a pele
ultrapassa a própria capacidade
sensorial
- pois que arde,
na melhor acepção de dor física.
E quando houver percalços, tropeços
sejam eles contornados com a reserva
do aprendizado
que o tempo fez acumular
E sendo assim
boa viagem
ao universo de nós dois.