sábado, 13 de fevereiro de 2016

Que a gente se acabe







Bons vinhos têm disso, assim como os anos equilibrados sobre saltos altos
Quando festejam os 40, 50, reiteram alguma certeza
de que é preciso bem pouco para a razão falar mais alto;
e um tantíssimo mais, em doses nada sutis
para a elucubração juvenil ter vez no território em que instalado
- a duras e doces penas - seu império das emoções

Que a gente se acabe

como fazem sempre
quando comemoraram
beberam naquela noite
como se fossa a última
dançaram como se acabam estrelas
do sapacuí center dance
nas noites de verão
riram, feito criança ri
das cenas do circo
da fala dos palhaços
como adultos riem
dos incautos

acordaram bem
porque já sabem fazer acordos
com Eros e Psiquê
Apolo e Dionísio
bem acordados e banhados
do que dá sentido
vestiram as peças íntimas da alma
saltos altos, ternos
e a vida seguiu
fluída, sem ressaca
nem dor nos calos
já sabem o que serve
é digesto, veste e
lhes cai bem